Ainda dá tempo de falar do Met Gala? Sim, pelo menos um pouquinho da sua história!!
Matéria por: Wallace Dankin
Data: 13/05/2024
Na semana aconteceu um dos grandes eventos do mundo da moda, o famoso Met Gala (06/05/24), neste ano o tema para a nova exposição de peças históricas no Museu foi “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion” (Belezas (ou Belas) Adormecidas: O Despertar da Moda), do The Costume Institute, do Metropolitan Museum of Art, que assim como as outras edições teve o objetivo de arrecadar fundos para a manutenção do museu. Para o dresscode o tema foi inspirado em uma literatura estadunidense “O Jardim do Tempo”, que remete ao conto do escritor J. G. Ballard de 1962. Com muitos vestidos com aplicações florais, itens que lembravam a natureza e até mesmo a cenografia da escadaria – que se tornou quase um jardim, os looks mais uma vez quase deram o que falar.
Já o de 2018 que é o mais comentado e mais admirado até hoje teve sim looks incríveis que casaram perfeitamente com o tema do dresscode “Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination” (Corpos Celestiais: Moda e Imaginação Católica) e o tema do grande encontro, trazendo o questionamento sobre o diálogo entre Moda e Religião. Ficando assim o questionamento do evento: Moda e Religião combinam? O Met de 2018 teve Rihanna (vestida de Papa) e anfitriã do Evento, Lana Del Rey (vestida de Virgem Maria) e Jered Leto (vestido de Jesus Cristo) como convidados de honra do SuperBall da Moda.
O que é o Met Gala?
O Met Gala, formalmente chamado de Costume Institute Gala ou Costume Institute Benefit, resumidamente em poucas palavras é um evento anual de angariação de fundos para o benefício do Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, que marca a abertura da exposição anual de moda do Costume Institute. O evento de cada ano celebra o tema da exposição do Costume Institute daquele ano, e a exposição dá o tom para o traje formal da noite, já que os convidados devem escolher seus figurinos para combinar com o tema da exposição.
A Origem
Na década de 1920, em meio à efervescente cena cultural Nova-iorquina, a produtora de teatro, Irene Lewinsohn e a designer de palco, Aline Bernstein, começaram uma coleção de figurinos com fontes de épocas variadas com intuito de criar um arquivo de peças que serviria para consulta e pesquisa de outros profissionais do mundo teatral. Em 1946, a coleção já contava com mais de 8.000 itens e passou a integrar o acervo do Metropolitan Museum of Art, ganhando um departamento próprio, batizado de The Costume Institute. Hoje em dia, ele conta com mais de 33 mil objetos cobrindo o período desde o século XV.
O primeiro baile do MET ocorreu em 1948, e foi fruto da mente genial da relações públicas Eleanor Lambert, responsável também pela criação da NYFW, da lista internacional de mais bem-vestidos. Originalmente chamado de Costume Institute Benefit, ele foi criado como festa beneficente para ajudar a sustentar as operações do departamento já que o museu não conseguia mantê-lo sozinho. Lambert utilizou uma valiosa lista de contatos para eleger os seletos nomes que estariam presentes. O evento, ao qual ela se referia como “a festa do ano", acontecia em Dezembro à meia-noite e o convite custava meros 50 dólares por cabeça. Frequentado pela nata da alta-sociedade de Manhattan, o era evento itinerante, mudando sua locação a cada ano, indo do Central Park ao Rainbow Room.
Era Diana Vreeland
O evento como conhecemos hoje começou a tomar forma em 1973, quando a lendária editora de moda da Vogue Diana Vreeland, recém-saída de seus anos comandando a Vogue US, passou a prestar consultoria especial ao departamento. A chegada de Vreeland, cuja personalidade era tão grandiosa quanto sua importância na história de moda, revolucionou o Costume Institute como um todo: O Met Gala foi transportado para as dependências deslumbrantes do museu e além de servir para angariar fundos para o departamento, também passou a funcionar como chamariz para as exposições anuais idealizadas por ela como mais uma forma de arrecadação. Como? Através do dress code que se tornou temático e sempre inspirado pelo assunto de cada uma das exposições. Graças a ela, o baile virou pop! Além de membros da high-society, artistas, políticos e celebridades passaram a integrar a lista de convidados, enriquecendo e transformando a festa em um acontecimento imperdível.
Vreeland era famosa pelos gostos igualmente extravagantes e cheios de glamour e sua atenção a cada detalhe transformou o gala em experiência inovadora, a decoração temática era levada ao pé da letra e até o perfume do local era alterado de acordo com o tema. Com o falecimento da editora em 1989, a socialite Pat Buckley passou a organizar o evento.
Era Anna Wintour
Em 1995, o Met Gala se tornou responsabilidade da editora-chefe da Vogue Estadunidense, Anna Wintour. Desde que assumiu a posição, Wintour já angariou mais de 50 milhões de dólares para o museu. Tamanha dedicação rendeu homenagem, em 2014, após uma grande reforma, o Costume Institute batizou suas galerias de The Anna Wintour Costume Center, consagrando o papel fundamental de Wintour na evolução do departamento. A jornalista já era habitué do MET há anos e seu grande trunfo foi conseguir unir a tradição da festa à todo glamour do universo Vogue, elevando o baile a novos patamares.
A tradição de realizar a festa no início de Maio, durante a Primavera do hemisfério Norte, é relativamente recente. Até 1999, o Met Ball continuava ocorrendo em Dezembro e foi apenas com o falecimento do curador do Costume Institute, Richard Martin, que o calendário sofreu alteração. O primeiro, com a data que virou sinônimo de evento, foi em 2001.
O Gala sempre tem um tema relacionado à exposição atual do Costume Institute, que desde 2002 conta com a curadoria impecável de Andrew Bolton e vem quebrando recordes de público consagrando o status da moda como forma elevada de arte. De acordo com o curador, a proposta é variar os assuntos e emprestar um olhar novo a tópicos de interesse que aproximem o grande público ao universo da moda. A lista inclui desde mono temas celebrando a obra de designers extraordinários como Coco Chanel e Alexander McQueen, conceitos como Camp, movimentos culturais como punk e surrealismo, lúdicos como super-heróis ou períodos históricos como a França do século XVIII.
E o que são os co-chairs?
Todos os anos, Anna Wintour – a responsável pelo Met Gala desde 1995 – , conta com a companhia de co-anfitriões para receber os convidados da noite. Os nomes escolhidos refletem profissionais e figuras célebres que estão em destaque no ano e complementam a história do evento, já tendo contado com personalidades como Penélope Cruz, Roger Federer, Nicole Kidman, Sarah Jéssica Parker, Rihanna e Zendaya.
Quem é convidado para o baile?
Uma coisa é fato: seja como for, o nome do convidado tem de ser aprovado por Anna Wintour – não importa a quantia desembolsada para se estar lá. Atualmente, a lista que conta com cerca de 450 pessoas é mega exclusiva, com celebridades bastante famosas já tendo ficado de fora.
Quanto custa um convite?
É sim possível comprar convites para a festa, pelo valor de 75 mil dólares, mas ainda assim eles precisam ser oferecidos a você. As grandes marcas e conglomerados de luxo também ocupam alguns lugares, desembolsando cerca de 275 mil dólares por mesa.
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